No tempo das amoras tudo pode acontecer.

7 de março de 2012

Rosa correu de encontro ao carro de Miguel que conseguiu alcançar mesmo a tempo. Carla seguia-a de navalha em punho e corria a toda a velocidade.
Atrás do carro de Miguel surgiu um carro da policia. Miguel havia avisado a polícia pois sabia que algo podia não correr bem. Também ele tinha sido ameaçado por Carla vezes sem conta pelo telefone nos últimos dias.
Rosa entrou no carro do marido e trancou as portas.
- Ela está louca Miguel está louca de todo.
-Tem calma está tudo bem vai resolver-se.
Quando Carla avistou o carro da polícia tentou recuar e entrar no seu carro para fugir dali mas foi de imediato travada pela polícia. Uma vez algemada no banco de trás do carro da polícia Rosa conseguiu falar com o agente.
- Está louca, ameaçou-me, queria a toda a força que assinasse uma procuração que lhe conferia poder sobre a minha cota na empresa do meu pai. Ainda deve estar por ali caída ao pé do meu carro.
- Não se preocupe, será recolhida como prova. agradecemos que não remova o seu carro do local para colheita de provas. Conseguimos ver a senhora de arma em punho, não terá qualquer dificuldade na condenação.
- E agora que devemos fazer agente? Gostaria de levar a minha mulher para casa ela está muito transtornada.
- Poderá fazê-lo mas deverá ir apresentar queixa à esquadra. Sem acusação formal não podemos agir em conformidade.
- Eu vou apresentar queixa já Miguel, estou em condições de o fazer e quero fazê-lo o mais rapidamente possível. Nós vamos atrás do vosso carro senhor agente.
Rosa apresentou queixa e contou sobre o processo do incêndio avisando que quem estava a par da investigação era o inspector Almeno Cunha. O inspector que se encontrava ainda de serviço apareceu e ouviu o depoimento de Rosa.
- Vá para casa menina Rosa. Nós já tínhamos a menina Carla debaixo de mira. Haviam vários indícios que ela estava pelo menos por trás do incêndio. Falta saber se agiu sozinha. Como devem compreender a investigação ainda está em curso pelo que não podemos adiantar mais nada. Vamos interrogar novamente a arguida e pode ir descansada.
- Obrigada inspector.
- Estamos cá para isso.
Rosa dirigiu-se para casa com o marido tinha a cabeça vazia.
- Rosa... Estás bem?
-Sim, melhor agora.
-Posso ficar lá em casa hoje se quiseres. Posso ficar na sala mas ficava mais tranquilo se ficasse.
-Sim, talvez não seja pior.
O resto da viagem foi feita em silêncio.

6 de março de 2012

a surpresa


Com o volume de trabalho a acumular-se e as reuniões que tinha à tarde com dois cliente importantes Rosa nem deu pelo tempo passar. Eram oito da noite quando viu que quase todos haviam ido embora. Estava praticamente sozinha, nem teve tempo de pensar na conversa que tinha tido com o inspector. 
Desceu do escritório até ao parque de estacionamento e reconheceu o carro que estava ao lado do seu. Era o carro da Carla. Instintivamente pegou no telefone e ligou ao Miguel. Desacelerou o passo e fez de conta que não se tinha apercebido da presença de Carla. Miguel atendeu de pronto. 
- Rosa?
- Miguel estou a sair agora do escritório, não está cá mais ninguém a não ser o carro da Carla estacionado mesmo ao lado do meu. Não sei se estás longe ou perto mas isto não me está a cheirar nada bem. 
- Já vou para aí. 
Rosa fingiu desligar o telefone e ligou o gravador e parecendo despreocupada aproximou-se do seu carro. Tentou abrir a porta mas de imediato uma mão fecho-a de novo. 
- Rosinha... finalmente... - Carla tinha uma voz sarcástica, não parecia a mesma.
- Carla? Que queres? A esta hora vens aqui ao meu trabalho por alma de quem?
- Talvez pela tua, a ver vamos. 
- Deixa-te de merdas. Precisas de um psiquiatra e urgentemente. Não te chega o que andaste a fazer nas minhas costas e ainda tens a lata de vir importunar-me no meu local de trabalho.
- Calminha, muita calminha. Não fui ao teu local de trabalho, esperei por ti, se bem que não era uma má ideia. Sempre adorei uma boa baixaria.
- Pois quanto a isso estamos de acordo. Não tenho nada a dizer-te nem nada a ouvir por isso se me dás licença vou embora. - Rosa virou as costas a Carla mas de imediato sentiu um puxão no cabelo forte que a obrigou a virar-se.
-Caladinha Rosa. Tens muito para ouvir sim senhora caso contrário esta navalhinha vai-te direitinha ao bucho entendidas amiguinha? - Rosa sentiu o metal da lamina junto ao seu braço direito e por um momento entrou em pânico. Seria ela capaz?
-Carla eu não quero nada nadinha, podes ficar como Miguel estás à vontade, se quiseres o meu irmão também é contigo, não sei que mais possas querer de mim.
- O Miguel já não me interessa, dele já consegui o que queria, humilhar-te. E até te posso dizer que é bem fraquinho na cama e forreta, dava-me poucas prendas e fracas e o sexo era assim a puxar para o remediado, não sei como aguentaste tanto tempo. 
- Como queiras... podes largar-me por favor?
- pff... tem lá juízo menininha. Tu vais mas é contar assinar uma procuração em como não queres a tua parte da fábrica do teu pai e me conferes todos os poderes para administrar a tua quota. 
- Tu estás louca de todo. Alguma vez eu te passava seja o que for? Estás descompensada.
- Talvez. Assina. Tens aqui a procuração até te empresto a caneta vê lá bem. 
- Larga-me ou vamos ter chatices. - Rosa começou a aumentar a voz na esperança que alguém a ouvisse. 
- Rosa entra para o meu carro e fala baixinho sim? Vamos manter isto entre nós. Se bem que aqui ninguém te ouve minha cara. Porque achas que vim para a zona industrial? Não foi porque o autocarro passa perto certamente.
- Tu estás maluca de todo. Deixa-me! - Rosa deu uma cotovelada no estômago de Carla e conseguiu soltar-se. Ia a correr para tentar sair daquela situação quando viu o carro de Miguel aproximar-se a toda a velocidade.

4 de março de 2012

o depoimento

Miguel saiu de casa com a mala na mão. Despediu-se da mulher com um até amanhã. Rosa ficou calma e quieta a pensar no que seria agora a sua vida. Lembrou-se que praticamente não tinha comido nada o dia todo então decidiu comer um iogurte com cereais e ligar ao seu irmão.
- Estou Jorge?! Então estás bem?
- Sim e contigo?
- Aguenta-se. Já foste à policia? 
- Claro que já. E o Miguel também.
- Sim eu sei, ele disse-me.
- Eles desconfiam dele.
- Como sabes isso? 
- Oh porque eu também desconfio. Rosa ele apareceu logo aqui, e tinha todo o interesse nisso.
- Não vejo como. 
- Agora que vai divorciar-se de ti, sem direito a nada de nada do que é teu tem interesse em tirar-te algum do teu património para ver se te prende a ele e evita o divorcio.
- Isso não faz sentido nenhum Jorge, e além do mais ele estava com o marido da Maria. Esteve sempre.
- Isso diz ele. 
- Bom amanhã vou eu lá à polícia. 
- Vê lá se lhes contas o que ele te fez.
- Vou contar o que eles me perguntarem Jorge. Não vou para lá expor a minha vida gratuitamente. 
-Tu é que sabes, não estejas a encobrir quem te fez mal.
- Que conversa Jorge vou dizer a verdade. Até amanhã então.
- Até amanhã.
Aquela conversa tinha sido muito estranha. Estava nítido que o irmão queria a toda a força pôr as culpas no Miguel. Mas porquê? Estava tudo maluco. Que interesse teria o Miguel em incendiar a fábrica? Por mais voltas que desse à cabeça não imaginava nem uma razão. Porque queria o irmão incriminá-lo? Talvez estivesse ressabiado por saber que ele tinha andado com a Carla, a sua paixão de uma vida. Mesmo assim não achava que fosse um motivo suficientemente forte. Deitou-se e adormeceu a pensar naquilo.
Acordou no dia seguinte e foi direta para o trabalho. A hora de almoço chegou num ápice, pelo caminho trincou uma maçã que tinha metido na carteira e dirigiu-se para a polícia.
- Vinha falar com o inspector Almeno Cunha, tenho hora marcada com ele. - Rosa mirava tudo à sua volta inclusive a polícia que a atendeu na secretaria. Nunca havia entrado antes na polícia e tudo lhe parecia um pouco rude.
- É um minuto, vou saber se já a pode atender.
Rosa viu chegar o inspector, não tinha nada a ver com o que julgava ser um inspector. Alto, cabelo grisalho e sorriso pronto.
-Almeno Cunha, boa tarde, é Rosa Fontelo presumo. - o inspector estendeu a mão a Rosa, que devolveu o cumprimento.
- Presume muito bem, Rosa Fontelo, venho para o interrogatório.
- Não será bem um interrogatório, é mais uma conversa. Se encarar assim é mais fácil de ultrapassar.
- Muito bem.
O inspector encaminhou Rosa para um gabinete que apesar de tudo lhe pareceu bastante espaçoso e muito menos bafiento do que julgava.
- Sente-se por favor, certamente que sabe porque está aqui.
- Por causa do incêndio na empresa do meu pai.
- Correcto. Podemos então começar?
- Sim.
- O que dissermos vai ser redigido para depois poder assinar, parece-lhe bem?
- Sim.
- Onde estava no dia do sinistro?
- Em Cerveira.  Tinha lá ido passar o fim de semana com uma amiga.
- O seu marido, Miguel, não foi consigo?
- Não, tínhamos discutido e ele não foi comigo. Apareceu lá mas eu mandei-o de volta para o Porto, não queria vê-lo naquele fim de semana, queria pôr a cabeça no lugar.  
- Porque discutiram?
- Isso é mesmo relevante para o caso?
- Mais do que possa pensar.
- O meu marido traiu-me com uma amiga de ambos.
- Pode saber-se quem?
- Uma funcionária da empresa do meu pai e amiga da família. 
- Refere-se à menina Carla Pedro?
- Exacto.
- O seu marido lucraria algo com o incêndio? 
- Não vejo o quê. Somos casados em separação de bens, não veria um tostão de nada do que é dos meus pais em momento algum.
- Sem a empresa dos seus pais a Rosa ficaria mais vulnerável? Seria uma forma de evitar o divórcio? 
- Nunca. Sou independente. A firma dos meus pais não me diz absolutamente nada. A minha independência financeira provem do meu trabalho que nada tem a ver com essa empresa. 
- Sabe onde estaria o seu marido na altura do sinistro?
- Não. Como lhe disse estava a quilómetros daqui, não sei onde ele estava. 
- Conhece algum João Lemos?
- Sim é amigo de ambos, penso que estaria com ele. quando foram a Cerveira ter comigo estavam juntos. 
- A Carla Pedro é sua amiga.
- Essa é uma pergunta um pouco naif considerando o que se passou. Acha que alguém que vai para a cama com o nosso marido é nossa amiga? Essa senhora ligou-me todo o fim de semana fez-me ameaças e está descompensada. Claro que tudo o que eu disser vai soar a "ressabiamento" mas entenda como quiser.
- Ameaças? Concretize por favor.
- Posso mostrar-lhe o telemóvel, tenho aqui as mensagens. Ela está descompensada. Quando viu que não ia ficar com o Miguel lançou farpas para todos os lados. 
- Muito bem. Acha então que a Carla seria capaz de provocar o incêndio. 
- Nunca disse tal. Não faço juízos de valor. Ela está descompensada agora do que é capaz não me cabe a mim dizer. Como compreende não estou em posição para a acusar seja do que for. 
- E o seu irmão?
- O Jorge, o que tem?
- Lucraria alguma coisa com o incêndio?
- A empresa também é dele. Confesso que não percebo nada da empresa nem sei qual a sua situação actual, mas não o estou a ver a destruir o próprio património. Mas não posso julgar ninguém. Qualquer das pessoas que foram faladas me parecem improváveis mas para isso estão cá vocês.
- Muito bem menina Rosa, para já é tudo. vamos só assinar o depoimento após o ler e depois pode ir.
Rosa assinou o depoimento ainda com a cabeça aos bicos depois de tanta pergunta e teoria maluca.
- Boa tarde então inspector.
- Foi um prazer menina Rosa. Boa tarde.





3 de março de 2012

Ao rodar a fechadura da porta de entrada Rosa tentava perceber se o marido estaria em casa ou não. Miguel dava sempre uma volta apenas, ela dava sempre três. Ele costumava reclamar com o excesso de zelo e ela com a sua despreocupação. Sorriu, e entrou. Miguel tinha pasta de trabalho no sofá e a porta do quarto estava aberta. 
Rosa entrou no quarto com a calma possível, que era mais do que a que esperava ter. O marido estava a retirar a roupa do armário com as malas de viagem abertas em cima da cama.
-Tem calma Rosa, estou só a fazer a mala, queria ter vindo mais cedo mas a tarde foi demasiado complicada e não consegui.
- Tudo bem. Não estou a dizer nada. 
- Tive de ir prestar declarações sobre o incêndio. 
- Também tenho de ir lá amanhã.
- Pensava até que já lá tinhas ido, sabiam tudo sobre a a nossa vida. 
Miguel falava sem desviar o olhar e enquanto metia a roupa dobrada nas malas de forma calma e meticulosa, o deixou Rosa bastante apreensiva. O marido estava com um conformismo anormal para a situação.
- Não, vou só amanhã. O que te perguntaram? Foram muito incisivos? Ainda me parece estranho que tenha sido fogo posto.
- Nunca fui interrogado antes, mas pelas perguntas que faziam acho que desconfiam de mim. Perguntaram qual o regime do nosso casamento, se estávamos a pensar no divórcio a curto prazo, como estávamos em termos de finanças, com quem te tinha traído, se a mulher com quem te tinha traído lucraria com o incêndio, olha sei lá. Conseguiram-me fazer mais perguntas sobre a porcaria da relação do que tu. 
- Parece-me bem.
-Parece-te bem Rosa? Achas que alguma vez eu fazia uma coisa daquelas? Além do mais eu estive sempre com o João. Pelo menos nele devias confiar.
- Não preciso disso Miguel. Não me parece que fosses capaz de uma coisa dessas. Mas também não te achava capaz de ires para a cama com a Carla e foste.
- Não confundas as coisas Rosa. Mesmo isso que aconteceu foi um erro que nem eu sei como arranjei a cometer. Mas estás no teu direito de pensar o que quiseres. Eu vou só terminar isto e depois venho com mais tempo buscar as coisas de Inverno.    
- Como quiseres. Vais para onde?
Miguel levantou subitamente a cabeça, estranhando a pergunta da mulher.
- Isso interessa-te mesmo?
- Não. Estou só a fazer conversa.
- Não precisas de fazer conversa. Vou para o Ipanema durante estes próximos dias, já falei com o Manuel da  imobiliária para me arranjar qualquer coisa para alugar. Ele prometeu ser breve.
-Ok.
Nesse mesmo ano tinham resolvido ir comemorar o dia dos namorados ao Hotel Ipanema. Tinham adorado o programa romântico. Nunca  ligaram muito ao dia dos namorados mas nesse ano, um amigo e cliente ofereceu-lhes um voucher para um programa que iria existir no hotel nesse dia e resolveram aproveitar. Rosa lembrou-se disso e quase não se conteve. Resolveu sair do quarto sem dizer mais nada. 

O final que escolheram

Vocês decidiram o final e ele está para breve... Não percam os próximos capítulos que serão também os últimos desta história com aroma a amoras e fim de Verão.

27 de fevereiro de 2012

A tarde passou num ápice e Rosa nem deu pelo tempo passar. A ideia do marido a tentar incendiar o património dela parecera-lhe absurda. Quase tão absurda como se há 4 dias atrás lhe tivessem contado que o marido andaria enrolado com a amiga. Não queria nem imaginar algo semelhante.
rosa preparava-se para sair do escritório quando o seu telemóvel tocou. Era da polícia. Tal como o pai previra também ela foi contactada apara prestar declarações no âmbito do processo do incêndio.
- Menina Rosa? Sou o inspector Almeno Cunha e gostaria de ouvir umas declarações sobre o incêndio que aconteceu ontem na empresa do seu pai. Amanhã é possível para si?
- bom, se pudesse ser pela hora do almoço agradecia, tenho um dia um pouco ocupado amanhã.
- Perfeito. Às 13 passe aqui pela esquadra para termos uma conversa. Não se preocupe não é uma intimação. 
- Muito bem a essa hora está óptimo para mim. Boa tarde.
Rosa foi o caminho todo a pensar naquilo. Que raio lhe iriam perguntar?! E o que ia ela responder? Será que já tinham chamado o Miguel para falar? Estava a roer-se por dentro. Dirigiu-separa casa e no fundo esperava que o ainda marido lá estivesse para saber se tinha também comparecido na esquadra. 

26 de fevereiro de 2012

Rosa passou o dia a tentar que ninguém no trabalho desse conta da reviravolta que a sua vida havia dado no fim-de-semana. Também ela tinha a ideia de manter a aparência de que tudo estava bem e nada a abalava. Ensinamentos dos pai. - Quem te vir em baixo vai querer ver-te mais em baixo ainda, por isso nunca se mostra o rabo filha, não falta gente que nos queira ver mal. - As palavras do patriarca eram sábias. Mesmo quem considerava pessoas de confiança haviam sido capaz de uma atrocidade daquelas quanto mais colegas de trabalho que respiravam inveja por todos os poros.
O telemóvel de Rosa tocou às 5 para a uma, altura que se preparava para ir almoçar. Era o seu pai.
- Sim?
- Rosa, filha, a polícia já te ligou?
- Polícia? A mim não. Porquê, é suposto ligarem-me por algum motivo?
- Sim, por causa do incêndio. Foi fogo posto, por isso eles estão a interrogar toda a gente. O teu irmão já foi ouvido hoje durante a manhã.
- Eu não tenho nada a ver com a empresa pai, não tenho nada que ser ouvida.
- Eu acho que eles suspeitam de alguém de dentro da empresa ou da família. Sabes como são os seguros...
- Só me faltava mais essa agora, pensarem que eu peguei fogo àquilo, eu nem estava cá papá...
- Não me parece que desconfiem diretamente de ti.
- Direitamente? Como assim?
- Tenho para mim que suspeitam do Miguel. O meu interrogatório foi todo em torno do teu marido,  e o do teu irmão também. Certamente já foi ouvido também...
- Isso é um disparate pai. Mas não me importa que me liguem e eu responderei o que souber.
- Pronto filha era só para não te apanharem desprevenida.
- Eu nunca estou desprevenida pai, tu ensinaste-me isso em teoria e a vida encarregou-se de me mostrar a parte prática. 
-Cuida-te filha.
- Adeus pai.
As palavras do pai ecoavam na cabeça. Quem poderia fazer uma coisa daquelas e com que propósito? Seria o Miguel capaz daquilo? E com que intuito? 

22 de fevereiro de 2012

Rosa acordou com o sol a bater-lhe na cara pelas frinchas da persiana. Teve de pensar duas vezes onde estava, não estava habituada a tomar medicação para dormir, sabia de antemão que quando o fazia tinha direito a acordar completamente atordoada. 
Lembrou-se de Miguel. Será que ainda estava a na sala? Estava decidida, se estivesse ia pura e simplesmente ignorá-lo.
Tomou um duche rápido, vestiu-se como se de um dia normal se tratasse e sem esquecer do detalhe do perfume saiu do quarto, pronta para mais um dia.
Miguel estava na sala. Acordado, sentado no sofá, mexia de forma sonora uma caneca de leite com café que fumegava mais do que deveria para um dia de calor como o que estava.
-Rosa, bom dia, fiz café quente. - lançou Miguel na esperança de que a mulher lhe dirigisse a palavra. 
- Se fizeste café não deverias ter feito. Nem sei o que estás aqui a fazer, pensei que tinha deixado bem claro que não te queria mais aqui. Não queria nem quero. 
- Esta casa também é minha Rosa.
- Se quiseres então saio eu, esta casa é minha e tua, não é mais nossa. Pago-te a tua parte e passa a ser só minha. Acho que vai ser fácil fazer as partilhas. O contracto pré nupcial que os teus mais nos obrigaram a fazer vai dar muito muito jeito. 
Aquando do casamento, os pais de Miguel haviam falado em fazer um acordo pré nupcial. A vida havia-lhes corrido muito bem e tinham medo que Rosa pudesse querer o filho por interesse. Os pais de Rosa tinham alguns bens mas na altura a empresa destes não corria tão bem como hoje, constava-se que poderiam ter algumas dívidas e que a falência se aproximava. Uma parceria com uma empresa alemã viera dar novo alento à firma que começou a ser a mais rentável da zona e a dar cartas no mercado internacional. Ao contrário os pais de Miguel que se encontravam muito perto de uma falência declarada.
-Não achas um pouco precipitado Rosa? Tens a certeza que queremos isto?
- Desculpa? Estas a gozar comigo não estás Miguel? - Rosa  pegou na sua mala e numa maçã da cozinha e dirigiu-se para a porta de saída lançando para o ar um: - O meu advogado depois fala contigo, se não tiveres para onde ir para já, avisa-o que eu arranjo, os dois aqui, não obrigado.
Passou a porta de entrada e sentiu-se bem, aliviada. Ergueu a cabeça a pensou " bom dia mundo".

17 de fevereiro de 2012

Rosa acordou de madrugada com uma brisa a entrar pela janela. Eram 3 da manhã. Tinha conseguido descansar   mas continuava a sentir uma tonelada sobre os ombros. Atordoada, abriu a porta e viu Miguel deitado no sofá, vestido mas adormecido.
Voltou a fechar a porta silenciosamente e pensou "não consigo, não vou correr o risco de o acordar". Fechou a janela e voltou para a cama.
A cabeça voltou a mil. Não poderia ficar no quarto eternamente. De manhã tinha de ter força novamente para enfrentar o marido. Sabia que tinha de ser forte. Ensaiou mentalmente mil e uma posturas e imaginou diálogos. Uma coisa era certa, não iria entrar em conflito. Já chegava de guerrilhas.
Já não chorava. Era esta distancia da situação que esperava ter na manhã seguinte.
Adormeceu novamente, com a esperança que na manhã seguinte não estivesse ninguém na sala.

14 de fevereiro de 2012

o reencontro

Miguel chegou a casa e tudo lhe parecia igual a como quando tinha saído à pressa. A sua vida estava completamente voltada do avesso.
Tinha acompanhado o sogro na visita ao rescaldo do incêndio e os estragos não pareciam tão avultados como inicialmente se pensava. O comandante havia sido muito claro. Tinha sido fogo posto.
Um trabalho de amadores segundo o comandante. O incendiário usara simples acendalhas e um pouco de gasolina para dar inicio ao fogo. O diálogo entre o comandante e o sogro não lhe saía da cabeça.

- Quem fez isto fez de propósito e não sabia bem o que estava a fazer. Começou pelas acendalhas e depois acrescentou a gasolina e adicionou alguns desperdícios certamente. 
- Nem consigo acreditar, fogo posto? esta empresa trabalha de maneira regular tempos tudo em dia, os trabalhadores de uma maneira geral gostam de estar por cá, mantenho os mesmos funcionários à décadas e conheço-os a todos pelo nome próprio. Não vejo ninguém capaz de me querer assim mal.
-Pois, mas olhe terá um problema porque a judiciária vai ter de investigar. Tudo que envolve fogo posto declarado é crime e implica investigação. Ainda mais neste caso, tão flagrante... O próprio seguro vai exigir uma perícia... 
- Claro, compreendo perfeitamente, no caso deles faria o mesmo. E eu próprio preciso de descobrir o que aconteceu... fogo posto?! na minha empresa?! ainda não estou em mim....
- Não devia estar aqui a meter a colherada porque isto agora é da competência da policia mas... Quem fez isto, na minha opinião conhecia bem a fábrica e sabia o que queria. Não se encontram facilmente desperdícios na zona dos escritórios, digo eu....
- Ainda mais essa, a certeza que é alguém da minha confiança.... Que fase terrível, logo agora que estava a pensar dedicar-me mais a passear com a minha mulher já com os filhos criados é que me acontecem estas coisas que me estão a mudar o rumo. O meu e o dos meus que estão com as vidas do avesso. - O pai de Rosa virou a cabeça para o genro e murmurou insipidamente - Acho que está na altura de você ir ter uma conversa de homem com a minha filha, não lhe parece Miguel? Boa sorte, vai precisar dela.

Ao entrar em casa Miguel pesou que não encontraria a mulher, até que viu a mala dela atirada para o sofá e sentiu o coração aos pulos, avançou para o quarto, respirou fundo mas a porta estava trancada. Bateu à porta, sem resposta, chamou pela mulher suavemente mas a resposta foi a mesma. Decidiu aguardar, hoje era dia de ficar na sala, Rosa haveria de sair do quarto. Tinha tempo.

12 de fevereiro de 2012

regresso a casa

Rosa demorou quase uma hora no banho. Esperava que um duche demorado lhe levasse para longe as memórias do fim de semana tenebroso e lhe lavasse a mágoa que sentia ferver por dentro. O banho sempre fora para si uma espécie de terapia. Quando um problema a assombrava cumpria todo um ritual que incluía música chill out, incenso com aroma a frutos silvestres e um gel de banho que tinha comprado da primeira vez que fora a Londres. Esta era aliás a compra que repetia em doses industriais sempre que voltava a terras de sua majestade. O aroma de baunilha e canela do gel de banho combinava na perfeição com o aroma a frutos silvestres do incenso e o banho acabava por revelar-se verdadeiramente um momento de prazer.
Lembrava-se perfeitamente dessa primeira viagem a Londres. Uma viagem de amigos onde o Miguel também tinha participado. Teriam uns dezanove anos e foi a sua primeira viagem grande sem os pais. O aroma do gel de banho trazia-lhe sempre as memórias dessa viagem, cheirava a liberdade e a felicidade.
Naquele fim de tarde fora a excepção. Nem o banho conseguia apagar o que Rosa sentia. Saiu do banho, enrolou-se na toalha, besuntou-se com o seu hidratante preferido e meteu-se na cama. Tomou um comprimido e trancou a porta do quarto, não fosse chegar o Miguel.
Enrolou-se na cama com o edredão por cima, tal como um bichinho em posição fetal, esperando que lhe trouxesse algum conforto. Adormeceu cansada de tanto chorar

sondagem

Já estava pensado há algum tempo e ainda não sei se irá resultar. A minha ideia é que vocês, leitores, decidam qual o final das histórias que vão sendo publicadas. Assim,esta primeira sondagem servirá para que vocês decidam se no final da história a Rosa e o Miguel deverão ficar juntos novamente. Será simples, as respostas desta vez passam só por:
*Deverão ficar juntos no final.
ou *Cada um deverá seguir o seu rumo.
O resto do enredo, se não se importarem escolho eu, boa?
Para votar basta clicar na barra lateral. Parece-vos uma boa ideia? Toca a votar....



Esta sondagem encerrará no final do mês de Fevereiro, sendo que a história da Rosa e do Miguel tem o final marcado para o principio de Março.

7 de fevereiro de 2012

Após um pequeno silêncio Maria decidiu que devia dar um puxão de orelhas à amiga. Nunca foi de ficar muito tempo em silêncio, muito menos se tivesse alguma coisa para dizer. Costumava dizer que tinha uma garganta larga, nada lhe ficava atravessado, o que tinha a dizer saía logo, sem pensar duas vezes.
-Rosa isto não são maneiras de falares com a tua mãe. Coitada, já viste o sofrimento dela também? Nem te passa a angústia da mulher enquanto não sabia do teu irmão e tu sais dali assim, sem dizer água vai?!
-Maria, os meus pais assim o querem. Sabem da historinha que o meu irmão contou e já estão a tomar o partido do Miguel. Ninguém me perguntou nada, se estava bem, se precisava de alguma coisa, o que se tinha passado, NADA! E o meu pai ainda acha que o Miguel é que deve ir com ele avaliar estragos na fábrica. Não é normal. 
- O teu pai só fez isso para te proteger, provavelmente não quis que corresses perigo ao visitar as instalações após um rescaldo, convenhamos que não será propriamente fácil.
- O que não é propriamente fácil é aguentar o que eu estou a ver que vai ser a minha vida. - Os olhos de Rosa encheram-se novamente de lágrimas -  Agora vou para a minha casa Maria e o que vou encontrar lá? Outro rescaldo com consequências bem mais graves do que este que abalou a empresa. 
Chegaram a casa de Rosa rapidamente. Não havia transito na cidade, aparentemente todos os condutores de Domingo haviam escolhido outra zona para passear.
O portão abriu-se e nunca aquele barulho familiar e quotidiano pareceu tão angustiante. Ambas fingiram não sentir e o carro deslizou para a garagem.
-Tens a certeza que queres ficar cá? Não queres vir antes para minha casa até isto se resolver?
-Isto está mais que resolvido. O Miguel vai ter de sair cá de casa. Quem fez a despesa agora que pague a factura. Que vá para a casa da Carla se assim o entender, vai custar-me mas esta é a minha casa, eu fico. E tu vai-te embora que já são mais do que horas.
- Tens a certeza que ficas bem?
- Não te preocupes. Já fizeste muito. Até amanhã. Qualquer coisa eu ligo-te, já sabes que sou abusadora.
- Pois sim, está bem está. Tem calma. Toma um calmante que dormes que nem um anjo.
Maria atirou um beijo à amiga e voltou a sair da garagem. O tempo passara e nem se dera conta que o seu marido fazia anos no dia seguinte, por pouco esquecia-se que tinha toda uma festa programada. Voou para casa.
Rosa rodou a chave na fechadura da porta de entrada e respirou fundo. O que iria encontrar? Será que o seu marido já havia cumprido aquilo que ela o obrigara a fazer? Será que tinha feito a mala? Fechou os olhos e entrou.
O aroma da casa estranhamente tranquilizou-a, ao contrário do que imaginara, voltar a casa não foi tenebroso, mas antes apaziguador. 
O bolo continuava no mesmo sitio, em cima do balcão da cozinha. Faltava apenas a fatia que a amiga havia cortado e que jazia intacto ao pé do computador, onde havia sido estrategicamente colocado. O computador, esse tinha sido desligado. 
O atendedor de chamadas acendia freneticamente a luz vermelha. Claro, devia estar inundado de chamadas... Estava sem paciência para ouvir a repetição dos capítulos anteriores, ignorou as mensagens e trancou-se no quarto.
-Um banho, eu preciso é de um bom banho. 


6 de fevereiro de 2012

alívio

Miguel atendeu o telefone aguardando por noticias do cunhado.
- Estou, Jorge, onde te meteste pá?
- Vim com a Carla lanchar à foz, estava no escritório e ela apareceu para conversar e acabamos por vir à foz. Não ouvi o telefone. Mas porque é que me estão todos a ligar tantas vezes? O que se passa?
- Passa-se que houve um incêndio enorme cá na fábrica. Ainda por cima tinhas aqui o teu carro andava tudo tolo, pensávamos que tinhas ficado lá dentro.
-Um incêndio? como assim? Vamos já para aí.
- O teu irmão está bem, já vem a caminho, foi lanchar e não ouviu o telemóvel.
- Foi lanchar? Onde? A pé?
- Foi no carro com  a Carla à foz.
- Ah pois faz sentido. Tudo aqui em pé de vento e ele ainda anda metido com essa...
- Filha por favor. Está tudo bem com o teu irmão, importas-te de te concentrar nisso? - O pai de Rosa sempre fora uma pessoa controlada. Se havia coisa que não conseguia ver era os filhos descontrolados. Sempre lhes dera uma educação baseada na responsabilidade e esperava que isso fizesse deles adultos calmos e compreensivos. Rosa nunca foi calma e nunca havia visto com bons olhos o "eterno romance" que existia entre o seu irmão e a sua "amiga". Sabia que era uma espécie de jogo para que a empresa fosse um terreno fácil para a amiga se manobrar. Jorge por sua vez nunca conseguiu encontrar ninguém que o fizesse tão feliz como Carla. Rosa sempre esperou que Jorge encontrasse uma cunhada à sua altura, tal como ela pensava ter encontrado um marido "perfeito".
- Rosa mexe-te vai avisar a tua mãe que está tudo controlado e que o teu irmão está bem. Vem aí o comandante, vou com ele avaliar os estragos, Miguel venha comigo.
- Pai o Miguel não tem mais nada  a ver com a nossa família, não precisa de ir consigo, eu vou.
- Rosa, não estou a discutir estou a informar-te. O Miguel vem comigo.
Rosa nem queria acreditar. No meio disto tudo ela é que estava a ficar para trás. Andou decidida até à mãe.
- Mãe o Jorge está bem, já vem a caminho. O incêndio está controlado o pai foi com os bombeiros avaliar os estragos. Vou para casa, já vi que não sou precisa aqui. O Jorge está a chegar com a Carla, não vou ficar aqui a assistir a novelas de segunda. Se precisar de mim sabe onde me encontrar vou para a minha casa. A Maria vem comigo.  
- Mas filha....
- Sem discussão mãe o pai foi muito claro. Se a mãe precisar de mim sabe onde me encontrar.
Rosa despediu-se da mãe com um beijo na cara e seguiu sem olhar para trás acompanhada da amiga.

4 de fevereiro de 2012

confusão

Miguel praticamente não conseguia ouvir o sinal de chamada do outro lado da linha tal era a confusão à sua volta. As suas mãos tremiam mas não mais do que o seu coração que pulava de raiva ao saber que teria de confrontar Carla novamente, ainda que fosse à distancia de um telefonema. Do outro lado apenas o sinal de chamada, da Carla nem sinal. O toque repetido da chamada foi interrompido pelo atendedor automático conferindo a Miguel um grande alivio.
- Carla é o Miguel, preciso de te perguntar se sabes alguma coisa do Jorge. Assim que possas liga-me a mim ou ao meu sogro se preferires. É grave.
Miguel desligou e sentiu-se o maior cobarde à face da terra. O alivio que sentira por não ter de enfrentar a sua companheira de aventura era prova disso. Queria que ela ligasse para o sogro só para não ter de a enfrentar, ainda que o assunto fosse tão grave como realmente era.
-Não atende. Talvez fosse melhor ser o teu pai a ligar-lhe dadas as circunstâncias. 
- Pois é capaz de ser melhor é. Melhor, vais ligar tu, do telemóvel do meu pai. Ele não sabe de nada em concreto.
Miguel engoliu em seco mas anuiu.
O intercomunicador do comandante dos bombeiros soou e a noticia era boa. Finalmente algo para acalmar os corações inquietos.
-Os meus homens acabaram de me comunicar vou só confirmar mas em principio posso dar o incêndio como extinto. Assim que estiverem reunidas as condições de segurança venho buscá-lo para que possamos fazer uma avaliação dos resultados. 
Rosa abraçou o pai, finalmente uma noticia melhor. Mas continuava a faltar o Jorge. Nisto o telemóvel de Miguel toca. Era o cunhado, pelo menos, era o seu número.
Rosa ultrapassou a barreira colocada pelos bombeiros por questões de segurança seguida por Miguel que só pensava no que mais havia de acontecer.
O fumo que se encontrava no ar fez com que as lágrimas caíssem involuntariamente pela cara de Rosa. Ou talvez não. Eram emoções a mais para aqueles dias. Ao avançar olhava para as instalações e ia-se apercebendo que a zona dos escritórios estava bastante danificada. Rosa avistou o pai a falar com o comandante dos bombeiros e acelerou o passo.  O seu coração queria pular do peito, à medida que se aproximava do pai.
Quando se abeirou do pai, cheio de fuligem, cinzas e cheiro a fumo, abraçou-o como em pequena.
-O mano pai?
-Não sei Rosita, não sei....
-Como é que isto aconteceu?
-Ninguém sabe filha, um senhor que passava deu o alerta e a partir daí olha é o que viste.
- O facto do carro dele estar cá fora não significa que ele esteja lá dentro... -  disse rosa fitando o comandante.
- Sim minha senhora, nada é certo mas os meus homens não encontraram ninguém e já varreram praticamente toda a zona. - o Comandante era um homem com os seus 60 anos e muito seguro do que dizia. Mantivera uma voz calma, como sempre na tentativa de tranquilizar os sinistrados. A última coisa que precisava era de histerismos naquele momento.
- Tu não sabes nada do meu irmão Miguel? 
- Ele ligou-me para aí há 4 horas, para falar do que aconteceu mas não me disse mais nada.
- Que te disse?
- Rosa não vou estar aqui agora a falar desse assunto, por favor.
- Deixa de ser parvo e narcisista quero saber se do que te disse houve alguma coisa que possa ligar ao que está a acontecer.
- Meninos por favor, não é o momento. Rosa o teu marido já disse que não sabe de mais nada.
-Liga à palerma da Carla. Ela deve saber de alguma coisa. Liga Miguel, já e aqui ao pé de mim de preferência!
De facto aquela podia ser uma pista. Com aquela confusão Miguel nunca mais se lembrou que a Carla sabia sempre de tudo, principalmente se tivesse a ver com o cunhado de Miguel. Respirou fundo e procurou o número na lista...