No tempo das amoras tudo pode acontecer.

7 de março de 2012

Rosa correu de encontro ao carro de Miguel que conseguiu alcançar mesmo a tempo. Carla seguia-a de navalha em punho e corria a toda a velocidade.
Atrás do carro de Miguel surgiu um carro da policia. Miguel havia avisado a polícia pois sabia que algo podia não correr bem. Também ele tinha sido ameaçado por Carla vezes sem conta pelo telefone nos últimos dias.
Rosa entrou no carro do marido e trancou as portas.
- Ela está louca Miguel está louca de todo.
-Tem calma está tudo bem vai resolver-se.
Quando Carla avistou o carro da polícia tentou recuar e entrar no seu carro para fugir dali mas foi de imediato travada pela polícia. Uma vez algemada no banco de trás do carro da polícia Rosa conseguiu falar com o agente.
- Está louca, ameaçou-me, queria a toda a força que assinasse uma procuração que lhe conferia poder sobre a minha cota na empresa do meu pai. Ainda deve estar por ali caída ao pé do meu carro.
- Não se preocupe, será recolhida como prova. agradecemos que não remova o seu carro do local para colheita de provas. Conseguimos ver a senhora de arma em punho, não terá qualquer dificuldade na condenação.
- E agora que devemos fazer agente? Gostaria de levar a minha mulher para casa ela está muito transtornada.
- Poderá fazê-lo mas deverá ir apresentar queixa à esquadra. Sem acusação formal não podemos agir em conformidade.
- Eu vou apresentar queixa já Miguel, estou em condições de o fazer e quero fazê-lo o mais rapidamente possível. Nós vamos atrás do vosso carro senhor agente.
Rosa apresentou queixa e contou sobre o processo do incêndio avisando que quem estava a par da investigação era o inspector Almeno Cunha. O inspector que se encontrava ainda de serviço apareceu e ouviu o depoimento de Rosa.
- Vá para casa menina Rosa. Nós já tínhamos a menina Carla debaixo de mira. Haviam vários indícios que ela estava pelo menos por trás do incêndio. Falta saber se agiu sozinha. Como devem compreender a investigação ainda está em curso pelo que não podemos adiantar mais nada. Vamos interrogar novamente a arguida e pode ir descansada.
- Obrigada inspector.
- Estamos cá para isso.
Rosa dirigiu-se para casa com o marido tinha a cabeça vazia.
- Rosa... Estás bem?
-Sim, melhor agora.
-Posso ficar lá em casa hoje se quiseres. Posso ficar na sala mas ficava mais tranquilo se ficasse.
-Sim, talvez não seja pior.
O resto da viagem foi feita em silêncio.

6 de março de 2012

a surpresa


Com o volume de trabalho a acumular-se e as reuniões que tinha à tarde com dois cliente importantes Rosa nem deu pelo tempo passar. Eram oito da noite quando viu que quase todos haviam ido embora. Estava praticamente sozinha, nem teve tempo de pensar na conversa que tinha tido com o inspector. 
Desceu do escritório até ao parque de estacionamento e reconheceu o carro que estava ao lado do seu. Era o carro da Carla. Instintivamente pegou no telefone e ligou ao Miguel. Desacelerou o passo e fez de conta que não se tinha apercebido da presença de Carla. Miguel atendeu de pronto. 
- Rosa?
- Miguel estou a sair agora do escritório, não está cá mais ninguém a não ser o carro da Carla estacionado mesmo ao lado do meu. Não sei se estás longe ou perto mas isto não me está a cheirar nada bem. 
- Já vou para aí. 
Rosa fingiu desligar o telefone e ligou o gravador e parecendo despreocupada aproximou-se do seu carro. Tentou abrir a porta mas de imediato uma mão fecho-a de novo. 
- Rosinha... finalmente... - Carla tinha uma voz sarcástica, não parecia a mesma.
- Carla? Que queres? A esta hora vens aqui ao meu trabalho por alma de quem?
- Talvez pela tua, a ver vamos. 
- Deixa-te de merdas. Precisas de um psiquiatra e urgentemente. Não te chega o que andaste a fazer nas minhas costas e ainda tens a lata de vir importunar-me no meu local de trabalho.
- Calminha, muita calminha. Não fui ao teu local de trabalho, esperei por ti, se bem que não era uma má ideia. Sempre adorei uma boa baixaria.
- Pois quanto a isso estamos de acordo. Não tenho nada a dizer-te nem nada a ouvir por isso se me dás licença vou embora. - Rosa virou as costas a Carla mas de imediato sentiu um puxão no cabelo forte que a obrigou a virar-se.
-Caladinha Rosa. Tens muito para ouvir sim senhora caso contrário esta navalhinha vai-te direitinha ao bucho entendidas amiguinha? - Rosa sentiu o metal da lamina junto ao seu braço direito e por um momento entrou em pânico. Seria ela capaz?
-Carla eu não quero nada nadinha, podes ficar como Miguel estás à vontade, se quiseres o meu irmão também é contigo, não sei que mais possas querer de mim.
- O Miguel já não me interessa, dele já consegui o que queria, humilhar-te. E até te posso dizer que é bem fraquinho na cama e forreta, dava-me poucas prendas e fracas e o sexo era assim a puxar para o remediado, não sei como aguentaste tanto tempo. 
- Como queiras... podes largar-me por favor?
- pff... tem lá juízo menininha. Tu vais mas é contar assinar uma procuração em como não queres a tua parte da fábrica do teu pai e me conferes todos os poderes para administrar a tua quota. 
- Tu estás louca de todo. Alguma vez eu te passava seja o que for? Estás descompensada.
- Talvez. Assina. Tens aqui a procuração até te empresto a caneta vê lá bem. 
- Larga-me ou vamos ter chatices. - Rosa começou a aumentar a voz na esperança que alguém a ouvisse. 
- Rosa entra para o meu carro e fala baixinho sim? Vamos manter isto entre nós. Se bem que aqui ninguém te ouve minha cara. Porque achas que vim para a zona industrial? Não foi porque o autocarro passa perto certamente.
- Tu estás maluca de todo. Deixa-me! - Rosa deu uma cotovelada no estômago de Carla e conseguiu soltar-se. Ia a correr para tentar sair daquela situação quando viu o carro de Miguel aproximar-se a toda a velocidade.

4 de março de 2012

o depoimento

Miguel saiu de casa com a mala na mão. Despediu-se da mulher com um até amanhã. Rosa ficou calma e quieta a pensar no que seria agora a sua vida. Lembrou-se que praticamente não tinha comido nada o dia todo então decidiu comer um iogurte com cereais e ligar ao seu irmão.
- Estou Jorge?! Então estás bem?
- Sim e contigo?
- Aguenta-se. Já foste à policia? 
- Claro que já. E o Miguel também.
- Sim eu sei, ele disse-me.
- Eles desconfiam dele.
- Como sabes isso? 
- Oh porque eu também desconfio. Rosa ele apareceu logo aqui, e tinha todo o interesse nisso.
- Não vejo como. 
- Agora que vai divorciar-se de ti, sem direito a nada de nada do que é teu tem interesse em tirar-te algum do teu património para ver se te prende a ele e evita o divorcio.
- Isso não faz sentido nenhum Jorge, e além do mais ele estava com o marido da Maria. Esteve sempre.
- Isso diz ele. 
- Bom amanhã vou eu lá à polícia. 
- Vê lá se lhes contas o que ele te fez.
- Vou contar o que eles me perguntarem Jorge. Não vou para lá expor a minha vida gratuitamente. 
-Tu é que sabes, não estejas a encobrir quem te fez mal.
- Que conversa Jorge vou dizer a verdade. Até amanhã então.
- Até amanhã.
Aquela conversa tinha sido muito estranha. Estava nítido que o irmão queria a toda a força pôr as culpas no Miguel. Mas porquê? Estava tudo maluco. Que interesse teria o Miguel em incendiar a fábrica? Por mais voltas que desse à cabeça não imaginava nem uma razão. Porque queria o irmão incriminá-lo? Talvez estivesse ressabiado por saber que ele tinha andado com a Carla, a sua paixão de uma vida. Mesmo assim não achava que fosse um motivo suficientemente forte. Deitou-se e adormeceu a pensar naquilo.
Acordou no dia seguinte e foi direta para o trabalho. A hora de almoço chegou num ápice, pelo caminho trincou uma maçã que tinha metido na carteira e dirigiu-se para a polícia.
- Vinha falar com o inspector Almeno Cunha, tenho hora marcada com ele. - Rosa mirava tudo à sua volta inclusive a polícia que a atendeu na secretaria. Nunca havia entrado antes na polícia e tudo lhe parecia um pouco rude.
- É um minuto, vou saber se já a pode atender.
Rosa viu chegar o inspector, não tinha nada a ver com o que julgava ser um inspector. Alto, cabelo grisalho e sorriso pronto.
-Almeno Cunha, boa tarde, é Rosa Fontelo presumo. - o inspector estendeu a mão a Rosa, que devolveu o cumprimento.
- Presume muito bem, Rosa Fontelo, venho para o interrogatório.
- Não será bem um interrogatório, é mais uma conversa. Se encarar assim é mais fácil de ultrapassar.
- Muito bem.
O inspector encaminhou Rosa para um gabinete que apesar de tudo lhe pareceu bastante espaçoso e muito menos bafiento do que julgava.
- Sente-se por favor, certamente que sabe porque está aqui.
- Por causa do incêndio na empresa do meu pai.
- Correcto. Podemos então começar?
- Sim.
- O que dissermos vai ser redigido para depois poder assinar, parece-lhe bem?
- Sim.
- Onde estava no dia do sinistro?
- Em Cerveira.  Tinha lá ido passar o fim de semana com uma amiga.
- O seu marido, Miguel, não foi consigo?
- Não, tínhamos discutido e ele não foi comigo. Apareceu lá mas eu mandei-o de volta para o Porto, não queria vê-lo naquele fim de semana, queria pôr a cabeça no lugar.  
- Porque discutiram?
- Isso é mesmo relevante para o caso?
- Mais do que possa pensar.
- O meu marido traiu-me com uma amiga de ambos.
- Pode saber-se quem?
- Uma funcionária da empresa do meu pai e amiga da família. 
- Refere-se à menina Carla Pedro?
- Exacto.
- O seu marido lucraria algo com o incêndio? 
- Não vejo o quê. Somos casados em separação de bens, não veria um tostão de nada do que é dos meus pais em momento algum.
- Sem a empresa dos seus pais a Rosa ficaria mais vulnerável? Seria uma forma de evitar o divórcio? 
- Nunca. Sou independente. A firma dos meus pais não me diz absolutamente nada. A minha independência financeira provem do meu trabalho que nada tem a ver com essa empresa. 
- Sabe onde estaria o seu marido na altura do sinistro?
- Não. Como lhe disse estava a quilómetros daqui, não sei onde ele estava. 
- Conhece algum João Lemos?
- Sim é amigo de ambos, penso que estaria com ele. quando foram a Cerveira ter comigo estavam juntos. 
- A Carla Pedro é sua amiga.
- Essa é uma pergunta um pouco naif considerando o que se passou. Acha que alguém que vai para a cama com o nosso marido é nossa amiga? Essa senhora ligou-me todo o fim de semana fez-me ameaças e está descompensada. Claro que tudo o que eu disser vai soar a "ressabiamento" mas entenda como quiser.
- Ameaças? Concretize por favor.
- Posso mostrar-lhe o telemóvel, tenho aqui as mensagens. Ela está descompensada. Quando viu que não ia ficar com o Miguel lançou farpas para todos os lados. 
- Muito bem. Acha então que a Carla seria capaz de provocar o incêndio. 
- Nunca disse tal. Não faço juízos de valor. Ela está descompensada agora do que é capaz não me cabe a mim dizer. Como compreende não estou em posição para a acusar seja do que for. 
- E o seu irmão?
- O Jorge, o que tem?
- Lucraria alguma coisa com o incêndio?
- A empresa também é dele. Confesso que não percebo nada da empresa nem sei qual a sua situação actual, mas não o estou a ver a destruir o próprio património. Mas não posso julgar ninguém. Qualquer das pessoas que foram faladas me parecem improváveis mas para isso estão cá vocês.
- Muito bem menina Rosa, para já é tudo. vamos só assinar o depoimento após o ler e depois pode ir.
Rosa assinou o depoimento ainda com a cabeça aos bicos depois de tanta pergunta e teoria maluca.
- Boa tarde então inspector.
- Foi um prazer menina Rosa. Boa tarde.





3 de março de 2012

Ao rodar a fechadura da porta de entrada Rosa tentava perceber se o marido estaria em casa ou não. Miguel dava sempre uma volta apenas, ela dava sempre três. Ele costumava reclamar com o excesso de zelo e ela com a sua despreocupação. Sorriu, e entrou. Miguel tinha pasta de trabalho no sofá e a porta do quarto estava aberta. 
Rosa entrou no quarto com a calma possível, que era mais do que a que esperava ter. O marido estava a retirar a roupa do armário com as malas de viagem abertas em cima da cama.
-Tem calma Rosa, estou só a fazer a mala, queria ter vindo mais cedo mas a tarde foi demasiado complicada e não consegui.
- Tudo bem. Não estou a dizer nada. 
- Tive de ir prestar declarações sobre o incêndio. 
- Também tenho de ir lá amanhã.
- Pensava até que já lá tinhas ido, sabiam tudo sobre a a nossa vida. 
Miguel falava sem desviar o olhar e enquanto metia a roupa dobrada nas malas de forma calma e meticulosa, o deixou Rosa bastante apreensiva. O marido estava com um conformismo anormal para a situação.
- Não, vou só amanhã. O que te perguntaram? Foram muito incisivos? Ainda me parece estranho que tenha sido fogo posto.
- Nunca fui interrogado antes, mas pelas perguntas que faziam acho que desconfiam de mim. Perguntaram qual o regime do nosso casamento, se estávamos a pensar no divórcio a curto prazo, como estávamos em termos de finanças, com quem te tinha traído, se a mulher com quem te tinha traído lucraria com o incêndio, olha sei lá. Conseguiram-me fazer mais perguntas sobre a porcaria da relação do que tu. 
- Parece-me bem.
-Parece-te bem Rosa? Achas que alguma vez eu fazia uma coisa daquelas? Além do mais eu estive sempre com o João. Pelo menos nele devias confiar.
- Não preciso disso Miguel. Não me parece que fosses capaz de uma coisa dessas. Mas também não te achava capaz de ires para a cama com a Carla e foste.
- Não confundas as coisas Rosa. Mesmo isso que aconteceu foi um erro que nem eu sei como arranjei a cometer. Mas estás no teu direito de pensar o que quiseres. Eu vou só terminar isto e depois venho com mais tempo buscar as coisas de Inverno.    
- Como quiseres. Vais para onde?
Miguel levantou subitamente a cabeça, estranhando a pergunta da mulher.
- Isso interessa-te mesmo?
- Não. Estou só a fazer conversa.
- Não precisas de fazer conversa. Vou para o Ipanema durante estes próximos dias, já falei com o Manuel da  imobiliária para me arranjar qualquer coisa para alugar. Ele prometeu ser breve.
-Ok.
Nesse mesmo ano tinham resolvido ir comemorar o dia dos namorados ao Hotel Ipanema. Tinham adorado o programa romântico. Nunca  ligaram muito ao dia dos namorados mas nesse ano, um amigo e cliente ofereceu-lhes um voucher para um programa que iria existir no hotel nesse dia e resolveram aproveitar. Rosa lembrou-se disso e quase não se conteve. Resolveu sair do quarto sem dizer mais nada. 

O final que escolheram

Vocês decidiram o final e ele está para breve... Não percam os próximos capítulos que serão também os últimos desta história com aroma a amoras e fim de Verão.

27 de fevereiro de 2012

A tarde passou num ápice e Rosa nem deu pelo tempo passar. A ideia do marido a tentar incendiar o património dela parecera-lhe absurda. Quase tão absurda como se há 4 dias atrás lhe tivessem contado que o marido andaria enrolado com a amiga. Não queria nem imaginar algo semelhante.
rosa preparava-se para sair do escritório quando o seu telemóvel tocou. Era da polícia. Tal como o pai previra também ela foi contactada apara prestar declarações no âmbito do processo do incêndio.
- Menina Rosa? Sou o inspector Almeno Cunha e gostaria de ouvir umas declarações sobre o incêndio que aconteceu ontem na empresa do seu pai. Amanhã é possível para si?
- bom, se pudesse ser pela hora do almoço agradecia, tenho um dia um pouco ocupado amanhã.
- Perfeito. Às 13 passe aqui pela esquadra para termos uma conversa. Não se preocupe não é uma intimação. 
- Muito bem a essa hora está óptimo para mim. Boa tarde.
Rosa foi o caminho todo a pensar naquilo. Que raio lhe iriam perguntar?! E o que ia ela responder? Será que já tinham chamado o Miguel para falar? Estava a roer-se por dentro. Dirigiu-separa casa e no fundo esperava que o ainda marido lá estivesse para saber se tinha também comparecido na esquadra. 

26 de fevereiro de 2012

Rosa passou o dia a tentar que ninguém no trabalho desse conta da reviravolta que a sua vida havia dado no fim-de-semana. Também ela tinha a ideia de manter a aparência de que tudo estava bem e nada a abalava. Ensinamentos dos pai. - Quem te vir em baixo vai querer ver-te mais em baixo ainda, por isso nunca se mostra o rabo filha, não falta gente que nos queira ver mal. - As palavras do patriarca eram sábias. Mesmo quem considerava pessoas de confiança haviam sido capaz de uma atrocidade daquelas quanto mais colegas de trabalho que respiravam inveja por todos os poros.
O telemóvel de Rosa tocou às 5 para a uma, altura que se preparava para ir almoçar. Era o seu pai.
- Sim?
- Rosa, filha, a polícia já te ligou?
- Polícia? A mim não. Porquê, é suposto ligarem-me por algum motivo?
- Sim, por causa do incêndio. Foi fogo posto, por isso eles estão a interrogar toda a gente. O teu irmão já foi ouvido hoje durante a manhã.
- Eu não tenho nada a ver com a empresa pai, não tenho nada que ser ouvida.
- Eu acho que eles suspeitam de alguém de dentro da empresa ou da família. Sabes como são os seguros...
- Só me faltava mais essa agora, pensarem que eu peguei fogo àquilo, eu nem estava cá papá...
- Não me parece que desconfiem diretamente de ti.
- Direitamente? Como assim?
- Tenho para mim que suspeitam do Miguel. O meu interrogatório foi todo em torno do teu marido,  e o do teu irmão também. Certamente já foi ouvido também...
- Isso é um disparate pai. Mas não me importa que me liguem e eu responderei o que souber.
- Pronto filha era só para não te apanharem desprevenida.
- Eu nunca estou desprevenida pai, tu ensinaste-me isso em teoria e a vida encarregou-se de me mostrar a parte prática. 
-Cuida-te filha.
- Adeus pai.
As palavras do pai ecoavam na cabeça. Quem poderia fazer uma coisa daquelas e com que propósito? Seria o Miguel capaz daquilo? E com que intuito?