No tempo das amoras tudo pode acontecer.

26 de março de 2011

A descoberta

Rosa não queria acreditar quando as mensagens instantâneas começaram a cair no ecrã do computador do seu marido.

-Ainda demoras muito amor? Não me digas que a sonsa da tua mulher ainda te está a empatar a uma hora destas!

Rosa gelou mas decidiu responder. Como se fosse o seu marido, começou a estabelecer um diálogo.

-Não, desta vez não é ela. Estou aqui preso por um e-mail que me enviaram agora do escritório e é urgente, tenho de dar resposta até que feche a bolsa em Nova Iorque. Prometo que não me demoro.
-Já sabes que estou à tua espera. Vê lá, a mim não precisas de dar as desculpas que dás à Rosinha Tontinha. Não perguntas o que trago vestido? Ou melhor o que não trago?

Rosa não sabia o que responder, estava mesmo a ser traída. Mas quem seria aquela mulher? Seria do escritório? No ecrã aparecia o nome Pedro. Precisava saber mais, ia arriscar.

- Estou mesmo atrapalhado com o relatório e só em pensar em ti não consigo dar resposta... Estás a desconcentrar-me, como sempre.
- Já sabes que não gosto de ti sério, nem concentrado. Isso é bom para a tua Rosinha sonsinha e "sériazinha"... Ainda demoras? Vais chegar tarde, assim já só chegas à sobremesa.
- Agora é a minha mulher que está aqui a lixar-me a cabeça. Um dia passo-me e digo-lhe estou farto de ti, vou para a beira da Pedro. - Rosa jogou a única carta que tinha. Não conhecia nenhuma mulher com o nome Pedro e, tinha certamente pouco tempo, uma vez que Miguel já havia saído de casa há algum tempo. Podia ser desmascarada a qualquer momento-.
-Pedro? Nunca me chamaste Pedro.
- É o nome que coloco para despistar.
- Realmente a Rosa nunca se ia lembrar disso. Confia em ti cegamente, 'tadinha da Rosinha. Mas ela não ia associar, acho que nem sabe que esse é o meu nome do meio. Olha, estão a bater à porta deve ser o jantar que encomendei, vê se te despachas, deixa uma sandezinha feita para a rosinha comer sozinha e anda para a minha beirinha.

Era ele. Rosa sabia que ia ser descoberta naquele momento e que o seu marido havia chegado à casa da outra, por isso esperou. Deixou-se ficar online para ver no que dava.
Definitvamente era alguém que ela conhecia. Mas quem? Apelido do meio Pedro? A sua cabeça estava a mil. Ligou a Maria. Maria sempre soube o nome de toda a gente, sempre foi boa nisso ao contrário de Rosa que não decorava nomes de ninguém.

-Estou Maria?
-Rosa? Que se passa? Que voz é essa?
- Rápido, conheces alguém cujo apelido do meio seja Pedro? Uma mulher.
- Pedro... Pedro... Assim de repente só me lembro da tua amiga Carla. Ela deve ter Pedro no nome, pelo menos o irmão dela que trabalha lá no banco também tem Pedro no apelido. Mas porquê?....
Estou?... Rosa? Estás a assustar-me... Rosa...

Rosa já não ouvia a sua amiga. Como era possível nunca ter reparado. A Carla, sua amiga desde os tempos de liceu, que esteve sempre lá em casa em todos os momentos, madrinha do seu casamento... 
Rosa não sabia o que pensar, não pensava. A sua cabeça estava vazia, assim como o seu coração. O seu marido tinha um caso com uma das suas melhores amigas e ela nunca tinha desconfiado nem por um segundo. Naquele momento o tempo parou e ela nem se apercebeu que Maria tinha ficado tão preocupada que se metera no carro e em breve batia à sua porta...  

3 comentários:

  1. palavras para que...este blog é o máximo.

    adoro esta escrita...a história desenvolve se a medida da nossa imaginação (ou não...)

    adoro fazer este tipo de escrita...

    vou lançar te um desafio...caso queiras claro, porque não convidares os teus leitores a fazerem um pouco da tua historia, ou seja, lançs o tema e tds os dias um dos teus leitores dá seguimento e depois tu, e depois outro leitor.

    no fim ainda lanças um livro.

    ADOREI
    PARABÉNS

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  2. Fantástico. Agora estou em pulgas para saber o desenrolar :D

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  3. Muito obrigada a ambas.
    É uma ideia que já havia pensado kikas. De qualquer forma está a amadurecer, como as amoras.
    Continuem a acompanhar que irão ter surpresas boas.
    Boas leituras.

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