No tempo das amoras tudo pode acontecer.

27 de março de 2011

O que fazer

      Maria chegara a casa da sua amiga em tempo recorde. A voz que ouvira ao telefone sempre aos soluços nem parecia da sua amiga, podia sentir-lhe as lágrimas, a angústia a cada palavra, a cada silêncio, do outro lado do telefone. Aquela pergunta também a tinha deixado intrigada. Porque raio era tão importante descobrir que mulher tinha o nome de Pedro? Como é que ela não sabia que a Carla tinha Pedro no nome, Ela que sempre fora uma das suas confidentes. Maria tinha de descobrir definitivamente o que se passava com Rosa, iria descobri-lo muito em breve, por isso tocou à campainha do apartamento da amiga de forma insistente.
     Rosa não ouvia a campainha. Estava no computador a tentar descobrir mais peças de um puzzle que de tão macabro parecia surreal. Só voltou para a realidade quando a amiga quase deitava a porta abaixo, após um vizinho a ter deixado subir.
     A sua amiga estava irreconhecível, um farrapo. A cara inchada e a roupa molhada de tanto chorar adivinhavam o pior.

    - Rosa, meu Deus, o que aconteceu? Estás bem? Morreu alguém?
    - Morreu Maria. Morreu a minha relação, o meu casamento, acho que morreu tudo à minha volta.
    - Como? Não estou a perceber nada! Pára de chorar por um segundo por favor, só o suficiente para eu perceber o que raio se está a passar.

      Rosa encaminhou a amiga para o computador do marido e mostrou-lhe as mensagens. Mostrou-lhe ainda tudo o que mais havia descoberto. Todas as outras conversas de cariz muito pouco ortodoxo que ficaram gravadas na memória temporária do computador e que ele se havia esquecido de eliminar. Não havia réstia de dúvida, a outra era a Carla a sua amiga de sempre.
     Maria lia tudo chocada, sem saber o que dizer. Ela nunca consegui gostar muito de Carla, sempre o disse a Rosa, mas nem ela, sempre atenta aos detalhes e pormenores, conseguia prever uma coisa destas. Era sórdido de mais, e há quanto tempo duraria? Como tinha lata aquele mulherzinha, ia jantar lá a casa, iam às compras, partilhava pormenores sobre a relação e depois enfiava-se descaradamente na cama com o marido da melhor amiga...
    Enquanto Maria tentava pensar racionalmente, uma nova mensagem caiu no computador.

    - Parece que me enganei no destinatário, desculpe - podia ler-se no ecrã.

    Claro que nenhuma das duas acreditou naquela mensagem ridícula, entreolharam-se e por um segundo tiveram vontade de rir, muito. Como é que ambos podiam agora ser tão inocentes? Será que a inteligência de ambos não dava para mais? Será que pensavam que Rosa era assim tão tonta para acreditar naquele suposto engano?

     - Que faço Maria? Ajuda-me. Estou perdida. Não sei se vá casa dela e lhes parta tudo agora ou mais daqui a pouco. Não sei se lhe arrumo as malas já ou se mude a fechadura primeiro. Ajuda-me, pensa tu que eu não consigo, tudo o que me passa pela cabeça envolve violência e escândalos a sério, e tu sabes como odeio isso.  - Rosa neste momento odiava-se a ela própria por ter sido tão parva e ignorar todos os sinais, metendo uma cobra na sua casa, na sua vida.
    - Vais imprimir tudo o que descobriste,  e vamos já para a tua casa em Cerveira. O Miguel detesta aquilo não vai ter lata de aparecer por lá, e se aparecer vai sentir-se desconfortável como sempre. Com calma pensas melhor em tudo e esperas que ele diga alguma coisa. Vais pôr a cabeça no lugar e decidir o que fazer, apressa-te a colocar as coisas na mala porque em breve ele aparecerá cá em casa, como se nada fosse. Vai tentar desmentir, virar o jogo, se bem o conheço vai chamar-te paranóica e ludibriar-te com esquemas mal amanhados. Despacha-te. Neste momento é o melhor.

    Rosa percebeu que a amiga tinha razão. Além do mais não iria querer estar em casa quando o marido voltasse a casa e fizesse cara de quem não está a perceber nada. Vila Nova de Cerveira era sem dúvida o melhor local para pensar e, com a companhia de Maria ia ser mais fácil fazê-lo.
   A casa de Cerveira sempre esteve na família de Rosa. Uma casa simples mas muito confortável, totalmente remodelada com um alpendre lindo onde cheirava sempre a flores. Foi muito feliz naquela lugar, por isso quando os pais decidiram oferece-lhe a casa como presente de casamento ficou deliciada. Miguel nunca gostou. Dizia que os fins-de-semana tinham de ser aproveitados de forma diferente e a distância do Porto era a descupla apresentada pare evitar ir ao campo. Não é um rio, uns passaritos ou uma lareira que me vão fazer sair daqui, devias vender aquilo - dizia ele. Rosa jamais o faria
   Em momentos a mala ficou feita e quando deu por si estava no carro com a sua amiga, com as folhas impressas que documentavam o que marido andava a esconder nos últimos tempos.
   Em casa deixou o computador com todos os ficheiros descobertos abertos e como plano de fundo colocou uma foto dela e de Carla tirada num fim-de-semana na Serra da Estrela. Ao lado uma fatia do bolo de chocolate que o marido adorava e que tinha feito horas antes.
     Qual seria a reacção do marido quando visse que Rosa havia descoberto bem mais do que ele imaginava? Que iria fazer? Iria ligar-lhe? E ela como ia reagir?




8 comentários:

  1. Estou cada vez mais curiosa! Não me canso de ler e reler esta história maravilhosa.
    Beijinhos,
    Bomboca do Amor.

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  2. Estou a adorar esta história Rosa/Miguel! Estou mesmo curiosa para saber o que vai acontecer a seguir :)*

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  3. Adoro o blog e já estou a seguir, podes ver o meu aqui - http://odiariodorodrigoa.blogspot.com/

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  4. Estive até agora a ler tudo...quero saber mais :)

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  5. Estou completamente viciada no blog :P
    Publica publica :D

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  6. ai nervos...quero saber mais.

    rapido...

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  7. mulheriii despachas-te a publicar mais um "episódio". Caneco istoo é mais viciante do que a novela das 8!

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  8. Olá, passei aqui para dizer que já sou tua leitora!! kiss

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