No tempo das amoras tudo pode acontecer.

14 de fevereiro de 2012

o reencontro

Miguel chegou a casa e tudo lhe parecia igual a como quando tinha saído à pressa. A sua vida estava completamente voltada do avesso.
Tinha acompanhado o sogro na visita ao rescaldo do incêndio e os estragos não pareciam tão avultados como inicialmente se pensava. O comandante havia sido muito claro. Tinha sido fogo posto.
Um trabalho de amadores segundo o comandante. O incendiário usara simples acendalhas e um pouco de gasolina para dar inicio ao fogo. O diálogo entre o comandante e o sogro não lhe saía da cabeça.

- Quem fez isto fez de propósito e não sabia bem o que estava a fazer. Começou pelas acendalhas e depois acrescentou a gasolina e adicionou alguns desperdícios certamente. 
- Nem consigo acreditar, fogo posto? esta empresa trabalha de maneira regular tempos tudo em dia, os trabalhadores de uma maneira geral gostam de estar por cá, mantenho os mesmos funcionários à décadas e conheço-os a todos pelo nome próprio. Não vejo ninguém capaz de me querer assim mal.
-Pois, mas olhe terá um problema porque a judiciária vai ter de investigar. Tudo que envolve fogo posto declarado é crime e implica investigação. Ainda mais neste caso, tão flagrante... O próprio seguro vai exigir uma perícia... 
- Claro, compreendo perfeitamente, no caso deles faria o mesmo. E eu próprio preciso de descobrir o que aconteceu... fogo posto?! na minha empresa?! ainda não estou em mim....
- Não devia estar aqui a meter a colherada porque isto agora é da competência da policia mas... Quem fez isto, na minha opinião conhecia bem a fábrica e sabia o que queria. Não se encontram facilmente desperdícios na zona dos escritórios, digo eu....
- Ainda mais essa, a certeza que é alguém da minha confiança.... Que fase terrível, logo agora que estava a pensar dedicar-me mais a passear com a minha mulher já com os filhos criados é que me acontecem estas coisas que me estão a mudar o rumo. O meu e o dos meus que estão com as vidas do avesso. - O pai de Rosa virou a cabeça para o genro e murmurou insipidamente - Acho que está na altura de você ir ter uma conversa de homem com a minha filha, não lhe parece Miguel? Boa sorte, vai precisar dela.

Ao entrar em casa Miguel pesou que não encontraria a mulher, até que viu a mala dela atirada para o sofá e sentiu o coração aos pulos, avançou para o quarto, respirou fundo mas a porta estava trancada. Bateu à porta, sem resposta, chamou pela mulher suavemente mas a resposta foi a mesma. Decidiu aguardar, hoje era dia de ficar na sala, Rosa haveria de sair do quarto. Tinha tempo.

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